O que é a PEC da Blindagem e como ela muda as regras do ‘jogo político’

Em resumo: o que diz a proposta

A PEC da Blindagem (também chamada de PEC das Prerrogativas) é uma mudança na Constituição que exige autorização prévia da Câmara ou do Senado para abrir processos criminais contra deputados e senadores, com um prazo de 90 dias para análise. Além disso, ela restringe prisões de parlamentares a casos de flagrante de crime inafiançável e amplia o foro privilegiado para presidentes de partidos com cadeira no Congresso. A Câmara aprovou o texto em dois turnos e a proposta segue para o Senado.

O que muda na prática para parlamentares

Hoje, o STF pode abrir ação penal contra parlamentares sem pedir aval do Congresso. Com a PEC, qualquer abertura de ação passa a depender de autorização do plenário da Câmara ou do Senado — regra que havia na Constituição de 1988 e foi derrubada em 2001.

Prisões e medidas cautelares

A proposta confirma que só há prisão de parlamentar em flagrante de crime inafiançável e determina que a respectiva Casa decida em 24 horas se mantém a detenção. O texto também diz que medidas cautelares (como afastamento do mandato) só podem ser impostas pelo STF, e não por juízes de instâncias inferiores.

Foro privilegiado para presidentes de partidos

Além de deputados e senadores, presidentes de partidos com representação no Congresso passam a responder diretamente no STF por infrações penais comuns — uma ampliação do foro por prerrogativa de função. Esse ponto foi mantido na votação da Câmara.

Voto secreto caiu do texto

A versão aprovada inicialmente previa voto secreto para a Casa autorizar processos contra parlamentares. Contudo, na manhã seguinte, os deputados derrubaram o voto secreto por falta de quórum constitucional. Assim, a autorização passa a ser com voto aberto.

Por que a PEC gera debate

Para defensores, a PEC protege o mandato contra “perseguições políticas” e abusos do Judiciário, retomando prerrogativas que, segundo eles, já existiram na Constituição. Para críticos, a proposta dificulta investigações e processos por corrupção e outros crimes, criando uma blindagem que pode estimular impunidade. O placar de aprovação mostrou ampla maioria na Câmara, mas a proposta ainda enfrentará discussão no Senado e pode ser judicializada.

O que acontece agora

A PEC precisa de dois turnos no Senado, com 3/5 dos votos em cada turno. Se o Senado alterar o texto, ele volta à Câmara; se aprovar como está, vai à promulgação. Até lá, nada muda para casos em andamento: as regras atuais seguem valendo.

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