Haddad tenta legitimar MST e desvia foco das críticas ao governo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a elogiar abertamente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) durante evento realizado nesta quinta-feira (29), em Ortigueira, no Paraná. Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele participou da entrega de títulos do programa Terra da Gente, numa cerimônia marcada por discursos ideológicos e por uma tentativa de reabilitar a imagem de um dos grupos mais controversos da política nacional.
Haddad afirmou que o MST “quer fazer cumprir a Constituição”, ignorando que o grupo acumula denúncias de invasão de propriedades, destruição de patrimônio e confronto com produtores rurais em diversas regiões do país. Mesmo assim, o ministro classificou os militantes como “agentes transformadores do país” e disse que eles lembram a sociedade “do verdadeiro sentido da luta pela terra”.
Discurso ideológico ignora ilegalidades praticadas por militantes
O evento serviu como palco para reforçar a narrativa do governo sobre a função social da terra, mas sem mencionar os abusos frequentemente associados ao MST. Haddad defendeu o uso de áreas improdutivas para a produção de alimentos, utilizando o assentamento em Ortigueira como exemplo, e disse que “a Constituição determina que a terra alimente e acolha”.
Nenhuma palavra, no entanto, foi dita sobre os impactos econômicos e sociais provocados por invasões, nem sobre a insegurança jurídica que preocupa investidores do setor agrícola. O tom emocional do discurso serviu para suavizar a radicalização de um movimento que tem forte atuação política, especialmente durante governos petistas.
Ministro apela à emoção e tenta humanizar narrativa ao citar o pai
Haddad ainda recorreu a uma lembrança pessoal para comover o público. Disse que se emocionou ao lembrar do pai, Khalil Haddad, agricultor libanês que imigrou para o Brasil. Segundo o ministro, o vínculo do pai com a terra o aproxima das pautas defendidas pelo MST. A fala, embora sensível, foi usada como pano de fundo para reforçar o discurso ideológico de legitimação do movimento.
O ministro também mencionou que já deu aulas ao MST no passado e afirmou entender o sentimento dos assentados após “22 anos de luta”. No entanto, ignorou o fato de que parte dessa trajetória foi construída à margem da legalidade, com ações que desrespeitam o direito à propriedade privada — um dos pilares constitucionais que o próprio Haddad diz defender.